terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Está a nascer uma “cidade de árvores” na área metropolitana de Manchester


Foto: City of Trees
Nos próximos 25 anos, um movimento urbano vai plantar três milhões de árvores na área metropolitana de Manchester, uma por cada homem, mulher e criança. Em pouco mais de um ano, o projecto “City of Trees” plantou mais de 94.000.
 Os promotores do movimento querem ainda recuperar 2.000 hectares de espaços verdes abandonados e aproximar as pessoas das árvores e bosques da sua cidade.
“Queremos envolver as pessoas com o seu ambiente natural, plantando árvores, gerindo áreas, compreendendo mais sobre os benefícios que as árvores e os bosques trazem à nossa sociedade”, explicou Tony Hothersall, director do movimento, à BBC News.
Segundo o “City of Trees”, as cidades precisam de árvores para melhorar a qualidade do ar, arrefecer temperaturas, reduzir o risco de inundações, armazenar carbono ou ainda para criar habitats para a vida selvagem. Por exemplo, um carvalho maduro pode albergar até 423 espécies diferentes de invertebrados. Além disso, as árvores são uma porta de entrada das crianças para a natureza e melhoram o bem-estar geral das comunidades.
Por exemplo, os responsáveis do movimento estão a trabalhar com investigadores da Universidade de Manchester numa experiência para descobrir como podem as árvores reduzir as inundações e o impacto das cheias.
O projecto é uma iniciativa do Oglesby Charitable Trust e do Community Forest Trust que foi lançada em Novembro de 2015. Até agora já estão plantadas 94.380 árvores e 30 pomares e estão a ser recuperados 223 hectares de bosques urbanos. A iniciativa já envolveu um total de 7.279 pessoas.
Segundo Tony Hothersall, o projecto quer levar árvores a vários locais, desde bosques abandonados, a corredores entre áreas verdes, a zonas desarborizadas e ainda a ruas e jardins privados. “Trata-se mesmo de plantar árvores onde quer que seja apropriado plantá-las”, resumiu. “O que é verdadeiramente importante é escolher a árvore certa para o lugar certo.”
Na base do movimento está a vontade de “aumentar a sensibilização dos cidadãos e decisores políticos sobre o papel das árvores na melhoria das cidades”. De momento, “a área metropolitana de Manchester regista um desenvolvimento urbanístico fantástico, mas o ambiente natural precisa acompanhar isso”, acrescentou.
Em Portugal há algumas cidades com projectos de reflorestação de árvores autóctones, como por exemplo a Área Metropolitana do Porto e o FUTURO – Projecto das 100.000 árvores. Nos cinco anos que leva o projecto foram plantadas 81.369 árvores e arbustos em 190 hectares de 15 municípios, como Arouca, Gondomar, Valongo, Trofa e Porto. Para o ano de 2016/2017, o projecto definiu como meta a plantação de mais 15.000 árvores e arbustos.
Também a Câmara Municipal de Lousada se comprometeu com esta missão e lançou o projecto Plantar Lousada, iniciativa que visa plantar, até ao final do Inverno de 2017, pelo menos, 10.000 árvores de espécies autóctones.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Isidro, defensor das florestas, abatido a tiro no México

Isidro Baldenegro. Fonte: APorrea

O activista ambiental mexicano Isidro Baldenegro, reconhecido pela sua luta contra o abate ilegal das florestas na Sierra Madre, foi baleado mortalmente, informaram as autoridades no dia 18 de Janeiro. Isto acontece cerca de um ano depois do assassinato de outra activista ambiental, Berta Cáceres, nas Honduras.

Isidro Baldenegro, 51 anos, era agricultor e líder do povo indígena Tarahumara, na região montanhosa de Sierra Madre, um dos ecossistemas mais ricos do planeta. Em 2005 recebeu o prestigiado Goldman Prize pela sua luta em nome das florestas. “Passou grande parte da vida a defender as florestas antigas, de crescimento lento, do devastador abate de árvores numa região marcada pela violência, corrupção e tráfico de droga”, segundo um comunicado dos Goldman Prize.

Várias ameaças de morte já tinham obrigado Isidro a abandonar o estado de Chihuahua, segundo o jornal New York Times, citando Isela González, directora da Alianza Sierra Madre, organização que defende os direitos do povo Tarahumara.

Recentemente, Isidro regressou à região, mais concretamente a Coloradas de la Virgen, para visitar um tio. Na tarde de domingo, Romero Rubio Martínez, que estava na casa desse tio, puxou da arma e disparou seis tiros, tendo fugido de seguida, segundo o gabinete do Ministério Público de Chihuahua, citado por aquele jornal. Isidro morreu poucas horas depois.

Os motivos para este assassinato ainda não foram esclarecidos.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) já reagiu à notícia da morte de Isidro Baldenegro, dizendo estar “comovida e entristecida”. “Estamos consternados com estas insensatas mostras de violência sobre activistas ambientais que, por meios pacíficos, defendem a natureza”, comentou Inger Andersen, a directora-geral da UICN, o mais alto organismo internacional para a conservação. “Os activistas que dedicam as suas vidas a proteger pessoas e natureza devem receber protecção, não devem trabalhar num ambiente de violência e de medo”, acrescentou.

A organização lançou um apelo a “todos os Governos do mundo para que façam os possíveis para julgar todos aqueles que tenham como objectivo a violência contra activistas ambientais na América Latina e em outros países”.

Isidro é já o segundo galardoado dos prémios Goldman a ser assassinado. Em Março de 2016, Berta Cáceres, 45 anos, foi assassinada na sua própria casa nas Honduras.

Susan R. Gelman, presidente da Fundação Goldman Environmental Foundation, diz-se “profundamente afectada pela morte de Isidro Baldenegro”. “O seu trabalho incansável na organização de protestos pacíficos contra o abate ilegal de árvores na Sierra Madre ajudou a proteger as florestas, as terras e os direitos do seu povo”, comentou, em comunicado.

“Era destemido e uma fonte de inspiração para tantas pessoas que lutam para proteger o Ambiente e os direitos dos povos indígenas.”

sábado, 28 de janeiro de 2017

Digital Detox ou Desintoxicação Digital


Os argumentos em favor desta desintoxicação já foram enumerados até à exaustão: estamos a perder a capacidade de concentração; substituímos leituras longas e profundas por vídeos curtos e inúteis; editamos cuidadosamente as nossas vidas para consumo nas redes sociais; opinamos sem conhecimento; ignoramos quem está à nossa frente para ver no telemóvel fotografias publicadas por estranhos. Em última instância, segue esta linha de argumentação (ocasionalmente salpicada com conclusões de estudos académicos), uma vida demasiado ligada à Internet desliga-nos de nós próprios e de quem nos rodeia, e é, portanto, altura de desligarmos os aparelhos.

Há uma página na Wikipedia dedicada ao tema e (inevitavelmente) listas várias sobre como largar as nefastas tecnologias.

Este texto no Guardian , um dos muitos do género, apela aos leitores para que em 2017 se afastem dos telemóveis, ganhando assim tempo precioso:  “Embora os media sociais possam ser vagamente divertidos e não haja nada de errado em enviar mensagens aos nossos amigos, usar um pequeno computador para retirar tempo a nós próprios não é a solução para nada. Nenhuma aplicação social ou de chat nos vai fazer sentir melhor sobre o nosso futuro ou nós próprios, e o nosso hábito de usá-las só torna Mark Zuckerberg e os seus amigos mais ricos.”

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Os “esquivos e míticos” lobos-ibéricos (e outros bichos) da Peneda-Gerês

O fotógrafo João Cosme, cujas imagens já foram publicadas em revistas como a "National Geographic", passou os últimos quatro anos à procura de fotografias únicas do lobo-ibérico no seu “habitat” natural: a serra da Peneda-Gerês. O livro “No Trilho do Lobo”, lançado em Dezembro, foi o resultado.
   
"Quando iniciei este projecto, sabia das enormes dificuldades que iria encontrar com um dos mamíferos mais esquivos e míticos da nossa fauna. Apesar de ser um grande desafio, sempre acreditei que seria possível."

"Foi um processo de superação e de auto-exigência que, em alguns casos, se verificou muito duro. Uma das dificuldades era conseguir imagens com diversidade que representassem toda a beleza inequívoca deste predador."

"Durante quatro anos visitei algumas regiões do país para trabalhar fotograficamente esta espécie. Foi necessário fazer um estudo prévio das deslocações e dos trilhos que a alcateia fazia com regularidade. Passei inúmeras horas de espera em abrigos camuflados e, muitas vezes, o clima rigoroso dificultava todo o processo."

"O trabalho de um fotógrafo de natureza parece algo fácil quando vimos o resultado final, mas engana-se quem pensa assim. Na maior parte das saídas de campo o resultado é negativo. Neste meu projecto, mais de 95% das saídas de campo são um fracasso, sem qualquer imagem da espécie alvo."


"Passados estes anos, considero-me um privilegiado por ter conseguido dezenas de imagens de lobos, quer de crias como de adultos, todas em estado selvagem, em Portugal. Procurei abordar vários temas, sempre com o cuidado de ter imagens com algum impacto."

"Achei necessário fazer uma abordagem não só com o protagonista deste livro, mas também com o que o rodeia, desde as suas presas ao habitat e outros seres vivos que coabitam no mesmo ambiente. Espero dar continuidade a este projecto, com outro conceito, onde o lobo será, mais uma vez, uma espécie fundamental a retratar."

"As criaturas selvagens e os espaços naturais representam a esperança de um planeta mais equilibrado."

"Através das imagens deste livro, espero que consiga passar uma mensagem de respeito para com os outros seres vivos e que, assim, ajude a sua conservação. Este é e será sempre o meu objetivo como fotógrafo de natureza e vida selvagem."

O livro "No trilho do lobo" editado pela Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico (ACHLI) tem textos dos biólogos Francisco Álvares, Carlos Fonseca e Gonçalo Brotas.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Poema da Semana- Escuto na palavra a festa do silêncio, por António Ramos Rosa


Fotografia de Teresa Rosa

Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se... de ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.

Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.

António Ramos Rosa, em Volante Verde, 1986

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Ciclovia- sítio das ciclovias, ecovias e ecopistas nacionais

Consulte aqui o sítio CicloVia.pt

Para quem já faz passeios de bicicleta ou para quem está a pensar, nos próximos tempos, comprar uma bicicleta para os fazer, fica aqui a ligação para o site das ciclovias, ecovias e ecopistas. Sabia que, segundo a ONU, a bicicleta é o veículo mais rápido e prático para percursos de até seis quilómetros de distância? Bons passeios em 2017!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Produção de copo de plástico gasta mais água do que lavar copo de vidro

Para se se fazer um copinho o plástico precisa ser derretido, colocado em uma forma e ir para o frigórico a -18ºC . Esse processo exige bastante água.
Garantem os produtores de copos de plástico que a maior parte dela é reutilizada. Mas, pelo menos, meio litro vai embora. A produção de copo descartável chega a consumir 500 ml de água, enquanto a lavagem feita na pia utiliza 400 ml, como estimou a Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFSP) Itapetininga.
A lavagem na máquina é ainda mais económica e gasta apenas 100 ml por copo de vidro, isto é, apenas 20% do que é gasto para se produzir um copinho plástico.
Os copos de plástico mais procurados do mercado têm capacidade para 200 ml de plástico e custa R$ 0,02. O de 300 ml, que custa R$ 0,04, tem o tamanho mais parecido com o copo de vidro utilizado em casa.
O copo de plástico mais firme, o cristal, custa R$ 0,16 centavos cada. Para quem está a passar pela falta de água para lavar louça (note-se que a crise hídrica de São Paulo está a durar perto de 16 meses!!) a compra do copo de plástico pode ser a solução do momento. A longo prazo, pode contribuir para prejudicar ainda mais o abastecimento.
Fonte (adaptado): Globo

sábado, 21 de janeiro de 2017

É preciso mudar a escola e isso é tarefa de todos

por Maria do Carmo Cruz
Dizer coisas que não agradam a todos é bom sinal, sei-o bem. E quando nos expomos a fazê-lo sabendo, de antemão, que não vamos mesmo agradar a muitos, temos que estar preparados para o que daí pode vir. Tenho quase 75 anos, já fiz, não fiz, disse e omiti muita coisa mas não quero ser cúmplice por omissão num assunto tão importante: é preciso mudar a Escola.

Sim, é preciso, mas, e perdoem-me os que já mudaram, a começar pelos professores. Mesmo os mais jovens aprenderam pela “antiga cartilha” e há uma tendência natural a manter as coisas. Depois, as editoras escolares, agora muito concentradas, encarregam-se de, através dos materiais que acompanham os manuais, tentar uniformizar estratégias e técnicas. E aquilo que só deveria servir como sugestão torna-se o modelo. Como se todas as turmas fossem um rebanho de iguais. E isto apesar de encontrar cada vez mais erros e estratégias pouco pedagógicas em manuais que por aí andam.

Muitos professores precisam de mudar e eu sei que o querem fazer, mas o seu tempo é curto para tantas tarefas. Mas por que se acomodam? Por que se sujeitam à exaustão, que não é só fruto do muito trabalho mas também da insatisfação que sentem relativamente a si próprios? Por que não tentam, pelo menos, chamar os pais para a sua luta, colocá-los a seu lado para exigir melhores condições para exercerem dignamente a sua importantíssima actividade? Porque, se foi possível conseguir tanta mobilização aquando do assunto escola pública versus escola privada, deverá ser possível mobilizar o país para o seu assunto mais importante, que é a Educação, isto é, o Futuro.

Termino com dois testemunhos que considero muito importantes. O primeiro, retirado da obra “Gramática escolar e (in)sucesso", da Doutora Ilídia Cabral e que é, como verão se lerem, “um dois em um”:
“O modelo escolar vigente, com a sua específica gramática, é um produto que se mantém inalterado desde a sua moderna origem, contemporâneo da revolução industrial e da consolidação da generalidade dos Estados europeus. Sucedendo a um modelo artesanal de ensino, a escola, tal como a concebemos, serve os propósitos da escolarização acelerada da mão-de-obra reclamada pela fábrica e exigida pela identidade dos estados-nação.
Escolarizar os camponeses segundo um padrão fabril de estandardização de tempos, espaços, sequências de trabalho, cumprimento de horários e valores próprios das cadeias de montagem e socializar os cidadãos numa ordem alfabetizada que permitisse a progressiva instauração de uma democracia representativa, foram os dois grandes desígnios da invenção da escola moderna. (…)
“O acesso massificado à educação foi acompanhado de uma correspondente subida dos níveis de reprovação e abandono escolar, precisamente porque a Escola não mudou estruturalmente e “continuou a servir o mesmo menu curricular, utilizando os mesmos utensílios metodológicos e a mesma linguagem de acção pedagógica que a tinham estruturado como uma instituição destinada a uma classe de público tendencialmente homogéneo e socialmente pré-selecionado” (M. C. Roldão, in Inovação, Currículo e Formação, pág.125).”

Retirei o segundo texto de uma carta da Dra. Maria João Peres, publicada no Facebook pela Católica Educação do Porto, a quem desde já peço desculpa pelo abuso:
“Gente, o que vai ser preciso acontecer para os professores perceberem que este modelo de escola não dá mais?! Que não são os miúdos que têm de se moldar a nós, mas nós a eles? Que o tempo não volta para trás - e acelera mais e mais e mais? Que estes miúdos nasceram e vivem num futuro que nós nunca sonhámos e para o qual temos de os preparar? Quando vamos parar de nos queixar deles nos acharem obsoletos quando efetivamente o somos e pouco ou nada fazemos para deixar de o ser?!”

O que não devemos, na minha opinião, é continuarmos a agir como se não tivéssemos culpas nenhumas porque “apenas fazemos aquilo que nos mandam”. Porque, e voltando à minha velha mania dos aforismos, “tão criminoso é o mandante como quem comete o crime”.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Pedido de desculpas aos animais

Pedido de desculpas aos animais, Rita Silva, 6 Janeiro 2017

The Challenge of Rudolf Steiner


Uma visão histórica da vida de Rudolf Steiner, bem como exemplos de seu legado em todo o mundo, o trabalho atual inspirado por suas ideias - em particular o movimento da Escola Waldorf, agricultura biodinâmica e euritmia.

Encontros Improváveis: Bernardo Santareno- Sparklehorse and Radiohead - Wish You Were Here


"Um escritor deve acreditar que o que está a fazer é o mais importante do mundo. E deve apegar-se a esta ilusão, ainda que saiba que não é verdade. "

Por mais que mostre textos que elogiam as virtudes da paz, citações sobre Paz e Amor à minha volta no meu mural, o feed-back crescente e cada vez mais frequentes são de gritos, silêncios, prepotência, cinismo, hipocrisia, divisão e egocentrismos. Excepto o abrigo da família e alguns amigos. Já é bom, mas muito insuficiente. Aos meus amigos distantes apelo que sejam diplomatas da paz, apontem soluções aos derrotistas e transmitam exemplos de esperança aos pessimistas, os conservadores e os reacionários que não acreditam no sucesso de Portugal e que não aprofundam a consciência ecocêntrica.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Obama, o Nobel da Paz que se tornou o 1º presidente dos EUA a estar em guerra durante todos os dias de seu governo


Muitos chegaram a perceber a ironia. Barack Obama, que recebeu o prémio Nobel da Paz em 2009 quase que como "presente de boas-vindas" à Casa Branca, passou os seus dois mandatos em guerra.

Na verdade, o presidente que deixará o cargo nesta sexta-feira é o primeiro a completar oito anos completos de gestão com tropas de seu país em combate ativo.

A informação é publicada por BBC Brasil, 19-01-2017.

Nem mesmo Franklin Roosevelt, o presidente que encabeçou o esforço militar americano na Segunda Guerra Mundial, passou tanto tempo em guerra.

"Obama será lembrado como um presidente de tempos de guerra, o que é irônico, porque isso é a última coisa que ele planejava ou desejava", disse à BBC Eliot Cohen, professor de história militar na Universidade Johns Hopkins.

"Mas ele lançou nossa terceira guerra no Iraque (contra o Estado Islâmico), permaneceu no Afeganistão, expandiu a campanha alvejando terroristas e apoiou a empreitada europeia para derrubar Khadafi na Líbia", afirmou.

Nem um dia de paz

Seu antecessor, George W. Bush, teve ao menos os primeiros meses de seu mandato - antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 às torres gémeas de Nova York - para aproveitar um governo sem guerras.

E Bill Clinton, o último presidente do Partido Democrata antes de Obama pode se orgulhar de ter conseguido oito anos à frente do governo americano "em paz".

A realidade para Barack Obama, porém, foi diferente. Ele assumiu o cargo em 20 de janeiro de 2009 já "herdando" dois conflitos - os Estados Unidos tinham tropas de combate no Iraque e no Afeganistão.

Ele acabou conseguindo cumprir parcialmente a sua promessa de reduzir drasticamente a presença militar americana no Iraque.

E no Afeganistão a situação é diferente hoje em comparação com o começo do seu mandato. Mas no dia 20 de janeiro de 2017, quando passar o posto a Donald Trump, Obama não poderá dizer que conseguiu terminar as guerras que herdou.

Combate ativo

Estima-se que cerca de 8,4 mil soldados americanos ainda estejam servindo o Exército em missões no Afeganistão nesse final de mandato de Obama.

E ainda há combates. Em 3 de novembro, por exemplo, na cidade afegã de Kunduz, dois soldados americanos morreram e dois outros ficaram feridos em uma batalha contra o Talibã. Os Estados Unidos lançaram bombardeios aéreos na zona de conflito contra tropas do Talibã que ameaçavam tomar a cidade. E em 8 de janeiro, Obama enviou 300 fuzileiros à província de Helmand, uma das mais problemáticas do Afeganistão.

É a primeira missão de tropas americanas na região desde 2014.

E não é só no Afeganistão que as tropas americanas estão engajadas em conflitos. A guerra contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria custou sete vidas americanas em situações de combate desde 2016.

No final do seu mandato, Barack Obama deixará cerca de 4 mil militares americanos no Iraque. Militares americanos também participaram de ações na Líbia, no Paquistão, na Somália, e no Iémen.

Presidente das guerras?
Mas apesar de ser o primeiro mandatário a completar dois mandatos com o país envolvido em guerras, ele dificilmente entrará na história dos EUA como o "presidente das guerras".

Afinal, ele recebeu um governo com 200 mil soldados em guerra no Iraque e no Afeganistão. Agora, após oitos anos, ele termina o seu mandato com uma presença militar de menos de 10% desse número em outros países.

E se tivesse forçado a retirada de todos os soldados da região, com certeza teria enfrentado resistência e ouvido reclamações de muitos americanos que consideram indispensável a presença militar dos Estados Unidos para garantir a segurança do país no exterior e dentro de suas próprias fronteiras.

Obama também ouviu muitas críticas quando, durante seu mandato, resistiu a ordenar intervenções militares em lugares como Síria e Líbia.

No fim, Obama contrariou tanto pacifistas como os que queriam uma presença militar americana mais ativa em áreas de conflito.

Em dezembro de 2009, ao receber o prémio Nobel da Paz, Obama disse no seu discurso: "Não trago comigo hoje a solução definitiva para o problema da guerra."

E acrescentou: "Há que se aceitar a dura realidade. Não encerraremos nunca o conflito violento em nossas vidas."

Desde o início de seu primeiro mandato, ele parece ter tentado reduzir as expectativas sobre possíveis mudanças que poderia trazer. Mas isso não atenua a decepção para os que esperavam um "presidente da paz".

Sim o glifosato é potencialmente cancerígeno

A Organização Mundial de Saúde (OMS) mantém a sua posição de que o herbicida glifosato causa cancro em animais de laboratório, por muito que isso tenha desencadeado a ira da indústria. Na entrevista abaixo é apresentada resumidamente a forma como o processo foi conduzido e reforçada a validade da sua conclusão. Afinal, o glifosato é ou não perigoso?

Afinal, o glifosato é ou não perigoso? O Insiders convidou o investigador Kurt Straif, da Agência Internacional para a Investigação do Cancro em Lyon, que começou por nos falar das conclusões do estudo que conduziu recentemente.
Kurt Straif: A nossa avaliação consiste numa revisão de toda a literatura científica em torno do glifosato e foi levada a cabo pelos melhores especialistas nesse domínio. Nenhum deles tem um conflito de interesses que possa manchar a opinião dada. E a conclusão é, sim, o glifosato é potencialmente cancerígeno para os humanos. Há provas concretas nos testes efetuados em animais; no que diz respeito aos humanos, há evidências relativamente a uma população de agricultores, embora os resultados sejam mais limitados; e também existem provas sólidas nos estudos toxicológicos que revelam nocividade para os genes.
Sophie Claudet, euronews: Tendo em conta essas conclusões, porque é que não se interdita o glifosato?
KS: Esta revisão da literatura científica é completamente independente e conduz-nos a uma classificação que assenta nos elementos que conhecemos da substância e, sobretudo, os riscos em termos de cancro. Mas depois cabe às outras agências, sejam nacionais ou internacionais, como a Organização para a Alimentação e Agricultura da ONU, a avaliação dos riscos, a tomada de decisões quanto ao grau de exposição ao produto – no domínio agrícola, alimentar ou cosmético – e a apresentação de conclusões.
euronews: No passado mês de maio, a FAO e a Organização Mundial de Saúde vieram atestar a ausência de riscos no uso do glifosato. O que é que mudou?
KS: O nosso parecer em termos de risco de cancro mantém-se. Nós somos o organismo que classifica as substâncias cancerígenas para a Organização para a Alimentação e Agricultura. Outro painel de peritos avaliou os limites diários de exposição na comida e definiu quais são as margens de segurança.
euronews: Mas em quem é que os agricultores, os consumidores em geral, as pessoas que frequentam os jardins públicos tratados com glifosato, devem acreditar?
KS: É importante realçar uma vez mais que o nosso parecer sobre o risco de cancro nos humanos provocado pelo glifosato mantém-se. Mas depois há outros pareceres baseados noutros contextos específicos. E sobre eles não me posso pronunciar.
euronews: Em maio, surgiram suspeitas de que alguns dos investigadores envolvidos nestes pareceres científicos teriam recebido subornos do grupo Monsanto, o principal produtor mundial de glifosato. Enquanto cientista, como é que olha para esta situação?
KS: É uma questão importante que necessita de ser escrutinada.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

21 de Janeiro, Manifestação- Dia Europeu de Acção pelo comércio justo e contra o CETA



Está em curso um processo político que ameaça os valores da democracia, dos direitos humanos e de uma economia próspera e sustentável.

Trata-se do processo de votação de um acordo de comércio internacional baseado num modelo jurídico da década de 70 do século XX, que coloca em causa a existência de empresas com impacto económico e social positivo junto das suas comunidades.

Aproxima-se o momento da votação no Parlamento Europeu do Acordo Económico Comercial Global, vulgo CETA, entre o Canadá e a União Europeia, agendado para o próximo mês de Fevereiro.
Negociado desde 2009 entre dois dos maiores blocos económicos mundiais, o CETA visa ser um modelo para o comércio internacional.

Um modelo que, pelas suas contradições internas e incompatibilidades claras com normas internacionais de Direitos Humanos e compromissos ambientais, já mereceu a clara oposição de vários actores sociais como por exemplo:
  1. Organismos das Nações Unidas
Os protestos da sociedade civil tiveram já um claro impacto na negociação do CETA, bem como de outros acordos baseados nas mesmas premissas ilegais.

Este é o momento do processo de votação do CETA mais sensível à mobilização civil.

Assim, no seguimento do sucesso da concretização da discussão, no passado dia 12 de Janeiro, da petição nº124/XIII, que demanda um debate profundo sobre o CETA, urge continuar com a mobilização e informação.

Com o já anunciado em Dezembro, o  próximo dia 21 de Janeiro será o Dia Europeu de Acção pelo comércio justo e contra o CETA.

Aliando-se a outras cidades europeias que se irão manifestar, várias cidades de Portugal demonstrarão a sua preocupação em relação ao impacto negativo do CETA para a economia local, saúde pública e emprego.

Considerando o impacto negativo do CETA no que toca à protecção ambiental e a decorrente facilitação da exploração de hidrocarbonetos, do cultivo e da venda de OGM, bem como o seu impacto económico negativo em Portugal (vide vídeo de Programa Biosfera sobre o CETA de 7 Janeiro 2017), vimos por este meio apelar à sociedade civil de Portugal que se mobilize.
Para Lisboa está já agendada uma concentração no Rossio, pelas 14h.

Em conjunto, a sociedade civil irá declarar o Rossio como Zona Livre de CETA, TTIP e TISA - a décima Zona Livre em Portugal!
Vamos fazer uma caçarolada contra o CETA, o irmão gémeo do TTIP (acordo comercial a ser negociado entre a União Europeia e os Estados Unidos da América) e em defesa da Democracia e do Comércio Justo em Portugal.

Traga o seu tacho e colher de pau e junte-se a milhões de cidadãos que acreditam que é possível um outro modelo de comércio internacional, que coloque os Direitos Humanos, a Democracia e a Economia Sustentável acima de um hipotético lucro do CETA, já desmentido por muitos estudos de análise económica do CETA que se baseiam em modelos realistas das Nações Unidas.

Através de uma acção concertada conseguiremos rejeitar o CETA e o TTIP, tal como ocorreu no passado com a rejeição de iniciativas semelhantes como o Acordo Multilateral de Investimento da OCDE e o Acordo Comercial de Combate à Contrafacção(ACTA) , demonstrando neste percurso a possibilidade da obtenção de prosperidade económica e social através de modelos de comércio internacional mais justos.

A sociedade civil de Portugal não pode ficar de braços cruzados!

Saudações activistas,
Voluntários da Plataforma Não ao Tratado Transatlântico

                           

Juntos, por um comércio internacional mais justo!

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Fritjof Capra - A Teia da Vida



"Em última análise, a percepção da ecologia profunda é uma percepção espiritual ou religiosa. Quando a concepção do espírito humano é entendida como o modo de consciência na qual o indivíduo tem uma sensação de pertinência, de conectividade com o cosmos como um todo, torna-se claro que a percepção ecológica é espiritual na sua essência mais profunda. Não é, pois, de se surpreender o fato de que a nova visão emergente da realidade baseada na percepção ecológica profunda é consistente com a chamada filosofia perene das tradições espirituais, quer falemos a respeito da espiritualidade dos místicos cristãos, da dos budistas, ou da filosofia e cosmologia subjacentes às tradições nativas norte-americanas."



Saber mais sobre Fritjof Capra no BioTerra

sábado, 14 de janeiro de 2017

Declamações, Crónicas e polémicas de Feral Faun


"Nós estamos cientes que cada pedra, cada árvore, cada rio, cada animal, cada ser no universo não está apenas vivo, mas que estão mais vivos do que nós seres civilizados. Esta consciência não é apenas intelectual... Nós sentimos isso. Nós ouvimos as canções de amor dos rios e das montanhas e enxergamos as danças das árvores...
Sem a necessidade de consumir, temos tempo para aprender a dança da vida; temos tempo para nos tornarmos amantes das árvores, pedras e rios. Ou, mais ...precisamente, o tempo, para nós, passa a não existir e a dança torna-se as nossas vidas, nós aprenderemos a amar tudo o que vive..."

Do panfleto "Rants, Essays and Polemics of Feral Faun (Declamações, Crônicas e polêmicas de Feral Faun)" - Chaotic Endeavors, 1987.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Missão: ajudar o Planeta Terra em 2017

Para começar a ajudar o Planeta Terra devemos estar atentos às alterações climáticas e às suas consequências. Neste início de ano damos algumas dicas.

Adicionar legenda

Texto: José Alex Gandum, Instalador, 02/01/17

1 - Reciclar - Uma das melhores maneiras de ajudar o Planeta é reciclar tudo o que pudermos. E se possível reciclar da maneira correcta, separando não só os resíduos óbvios, como também o metal do plástico, por exemplo.

2 - Reutilizar - Preferir embalagens de vidro, pois são 100% recicláveis. Nas compras, andar prevenido com sacos (se possível, também eles recicláveis) e outros dispositivos de transporte que possam ser reutilizados.

3 - Reduzir o consumo de carne - A indústria da carne tem uma pegada muito grande na face da Terra, pois são necessárias grandes quantidades de água para produzir um quilo de carne, por exemplo. Não ingerir carne nalguns dias do mês é um enorme contributo para o ambiente.

4 - Reduzir o desperdício de alimentos - Supermercados e restaurantes são poços de desperdício de alimentos. Muitas vezes também em nossas casas de desperdiçam  coisas que podiam ser reaproveitadas. É possível fazer pressão social para que as grandes cadeias de hipermercados e os grandes restaurantes dirijam as suas sobras para a causa comum. Uma das maneiras de preservar alimentos é cozê-los, pois cozidos têm uma duração superior.

5 - Transportes - Tente mudar tanto quanto possível os seus hábitos de transporte: num país como Portugal é muito adequado trocar o automóvel por bicicleta, trotineta, patins, skate ou até andar a pé. Para distâncias maiores tente optar pelo transporte público, embora se saiba que este tipo de transporte nas grandes cidades não conhece os seus melhores dias. Se tem mesmo que usar o transporte particular, muitas vezes por causa da deslocalização de empresas e serviços, pondere trocar o seu carro de motor a combustão por um veículo eléctrico ou híbrido. Terá vantagens nisso a médio e a longo prazo. Tente ainda partilhar viagens quando for possível.

6 - Água - Lavar os dentes ou a louça com água corrente são coisas do passado. Cidadãos conscientes e preocupados com o ambiente já não o fazem. Ensine os filhos a terem cuidado com os gastos supérfluos de água. Reduza o tempo dos banhos e esteja atento às torneiras que ficam a pingar. A escassez água no futuro é um dos maiores desafios que a humanidade vai enfrentar.

7 - Política e ambiente - os políticos hoje terão que mostrar uma grande preocupação com o ambiente e a qualidade de vida das populações que votam neles próprios. Por isso, nas futuras eleições tente saber o que pensam os políticos em que costuma votar sobre o ambiente e em especial sobre os seus hábitos para preservar o Planeta.

8 - Compre localmente - Comprar aos agricultores locais tem muitas vantagens: geralmente os produtos chegam mais frescos às nossas cozinhas, o transporte dos produtos agrícolas é muito menor por isso a pegada ambiental é menor também, fomenta-se o emprego local e o apego das pessoas à terra. As embalagens tendem a ser mais simples, portanto, poupa-se muito em termos de emissões, pesticidas e até se controlam melhor os produtos de origem transgénicas.

9 - Por fim, seja parte da própria mudança. As redes sociais e a facilidade de comunicação actualmente são uma ajuda enorme para cada um estar atento e poder participar e dar um contributo à sociedade e à comunidade onde se insere: fazer menos lixo, comer melhor, ter hábitos de vida mais saudáveis são coisas boas para as pessoas e para o Planeta Terra.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Quando James Bond foi Jaime Bravo em Portugal (e teve um jogo de tabuleiro)


Foi em 1957, quatro anos depois da publicação de Casino Royale, o primeiro livro de James Bond, que Ian Fleming foi abordado para adaptar as aventuras de 007 em banda desenhada (BD), em tiras diárias. A proposta, bastante lucrativa, veio do diário Daily Express, e Fleming começou por hesitar, porque pensava que uma versão em BD de James Bond poderia não estar à altura, em termos de qualidade gráfica, da sua escrita. Em vez de beneficiar a divulgação e as vendas dos livros, poderia, pelo contrário, prejudicá-las, bem como desagradar aos leitores e até mesmo fazê-lo desleixar-se enquanto escritor e afetar as futuras histórias de 007.

Ian Fleming acabou por aceitar a oferta, e foi ele a escolher o autor das adaptações, o desenhador John McLusky. A primeira, de Casino Royale, precisamente, saiu em 1958 no Daily Express, escrita por Henry Gammidge. Seguir-se-iam várias outras, com bastante sucesso, e sem fazerem a menor mossa nos livros de James Bond – tudo pelo contrário. Estas adaptações desenhadas por John McLusky e com texto de Gammidge chegaram a Portugal em 1961, pela mão da sempre empreendedora Agência Portuguesa de Revistas, que editava então várias revistas de BD ainda hoje recordadas e referidas com saudade, caso do Mundo de Aventuras, Condor ou Ciclone.

As histórias de James Bond foram publicadas noutro dos títulos da Agência Portuguesa de Revistas, a revista Policial, subsidiária do referido Mundo de Aventuras, e na qual saíam as aventuras de heróis ingleses e americanos como Sexton Blake, Paul Temple, Kerry Drake, Rip Kirby, Maxwell Hawke ou Drake & Drake, entre outras. Nessa altura, era prática comum arranjar nomes portugueses para os heróis estrangeiros (e daí que, por exemplo, Big Ben Bolt se tenha tornado Luís Euripo, ou Joe Palooka, Zé Sopapo, só para referir dois dos mais ridículos), e James Bond não escapou a isto, sendo transformado em… Jaime Bravo.

A revista Policial publicou apenas duas histórias de James Bond/Jaime Bravo: Aventura em Cuba, em abril de 1961, adaptada de Live and Let Die, e Um Caso de Espionagem, em janeiro de 1962, adaptada de From Russia, With Love, e que iria chamar-se Moscovo Contra 007. Um censor mais melindroso (e que ignorava decerto que as aventuras de James Bond eram anti-comunistas…) não gostou da palavra “Moscovo” no título, e este foi alterado pelos responsáveis da Agência Portuguesa de Revistas para o muito mais inócuo Um Caso de Espionagem. Uma ou duas cenas de beijos envolvendo “Jaime Bravo” e as suas conquistas femininas foram também retocadas graficamente.

À altura da publicação destas duas histórias de “Jaime Bravo” em Portugal, os livros de James Bond ainda não tinham sido filmados. Depois destes começarem a ser levados ao cinema, a Policial não voltou a ter mais nenhuma aventura do “aportuguesado” James Bond, o que talvez se possa explicar pela subida do preço dos direitos da BD, causada pelo imediato e enorme sucesso dos filmes. Em 1965, seria também posta à venda cá a versão portuguesa do primeiro – ou um dos primeiros – jogos de tabuleiro da personagem de Ian Fleming, o muito rudimentar The James Bond 007 Secret Service Game. A caixa era igualzinha à da edição original inglesa, excetuando a cor, amarela em vez de roxa. E James Bond desta vez já não era “Jaime Bravo”.

Página Oficial

Feliz Aniversário, Aldo Leopold


Considerado por muitos o pai da ecologia da vida selvagem e do sistema selvagem dos Estados Unidos, Aldo Leopold foi um conservacionista, silvicultor, filósofo, educador, escritor e entusiasta de atividades ao ar livre. Entre as suas ideias mais conhecidas está a “ética da terra”, que exige uma relação ética e solidária entre as pessoas e a natureza.

Pintura: Andrey Remnev

Andrey Remnev (Russo, n.1962) - Vida quotidiana, 1992

Andrey Remnev é um pintor russo contemporâneo. As pinturas de Remnev são caracterizadas pelo uso de motivos folclóricos e religiosos russos, sua paleta de cores bizantinas e seu uso de padrões e ilusões visuais, semelhante ao de Escher.

Perfis

Brian Eno - uma mensagem de esperança

De Brian Eno
2016/2017

"Há um consenso entre a maioria dos meus amigos, de que 2016 parece ter sido um ano terrível e o início de um longo declínio em algo que... nem sequer querem imaginar.

2016 foi realmente um ano bastante difícil, mas eu pergunto-me se é o fim - e não o começo - de um longo declínio. Ou pelo menos o começo do fim... porque eu acho que estamos em declínio há cerca de 40 anos, suportando um lento processo de descivilização, mas não estávamos a perceber realmente isto até agora. Lembro-me daquela coisa sobre a rã colocada numa panela de água de aquecimento lento ...

Este declínio inclui a transição do emprego seguro para o emprego precário, a destruição dos sindicatos e o encolhimento dos direitos dos trabalhadores, os contratos de hora zero, o desmantelamento do governo local, um serviço de saúde a desmoronar-se, as tabelas da liga, a estigmatização cada vez mais aceitável dos imigrantes, o nacionalismo precipitado e a concentração de preconceitos permitida pelos media sociais e pela Internet.

Este processo de descivilização surgiu de uma ideologia que ironizava da generosidade social e defendia uma espécie de egoísmo justo. (Thatcher: "A pobreza é um defeito de personalidade"; Ayn Rand: "O altruísmo é mau"). O ênfase no individualismo desenfreado teve dois efeitos: a criação de uma enorme quantidade de riqueza e a sua canalização em cada vez menos mãos. Neste momento, as 62 pessoas mais ricas do mundo são tão ricas quanto a restante população. A fantasia de Thatcher / Reagan de que toda esta riqueza "trickle down" enriquecia todos os outros, simplesmente não aconteceu. Na verdade, aconteceu o inverso: os salários reais da maioria das pessoas estão em declínio há pelo menos duas décadas, ao mesmo tempo em que suas perspectivas - e as perspectivas para seus filhos - aparecem cada vez mais fracas. Não é de admirar que as pessoas estejam zangadas e se afastem das soluções de negócio do costume do governo. Quando os governos prestam mais atenção a quem tem mais dinheiro, as imensas desigualdades de riqueza que assistimos atualmente tornam ridícula a ideia de democracia. Como George Monbiot disse: "A caneta pode ser mais poderosa do que a espada, mas a bolsa é mais poderosa do que a caneta".

No ano passado as pessoas começaram a acordar para isto. Muitas delas, na sua raiva, pegaram no Trump como a ideia mais parecida e bateram com ele na cabeça naquilo que está estabelecido. Mas esses foram apenas os despertares que mais se notaram, medievais. Enquanto isso, houve um movimento mais silencioso, mas igualmente poderoso: as pessoas estão a repensar o que a democracia significa, o que a sociedade significa e o que precisamos de fazer para colocá-la a funcionar novamente. As pessoas estão a pensar muito, e, o mais importante, a pensar juntas em voz alta. Acho que em 2016 passamos por uma desilusão em massa e finalmente percebemos que é a hora de saltar para fora da panela.

Este é o começo de algo grande. Que traz envolvimento: não apenas tweets e gostos, mas também ações sociais e políticas criativas e pensadas. Trata-se de perceber que algumas coisas que nós tomamos por adquirido - alguma aparência de verdade em relatórios, por exemplo - já não podem ser de graça. Se quisermos um bom relatório e uma boa análise, teremos que pagar por isso. Isso significa DINHEIRO: apoio financeiro direto para as publicações e sites que lutam para contar o lado não-corporativo, não-estabelecido da história. Da mesma forma, se queremos filhos felizes e criativos, precisamos de encarregarmo-nos da sua educação, não deixá-la aos ideólogos e aos que seguem o sistema. Se queremos a generosidade social, então temos de pagar os nossos impostos e livrar-nos dos nossos paraísos fiscais. E se quisermos políticos pensadores, devemos parar de apoiar meramente os carismáticos.

A desigualdade toca no coração de uma sociedade, cria distanciamento, ressentimento, inveja, suspeita, bullying, arrogância e insensibilidade. Se quisermos algum tipo de futuro decente, temos de nos afastar disso, e acho que estamos a começar a fazê-lo.
Há tanta coisa para fazer, tantas possibilidades. 2017 deve ser um ano surpreendente."
Brian Eno

Os Celtas que não há em nós. Despite Atlantic Celtomania, the British Isles and Iberia have different genetics

Mapa: subclados R1b na Europa, Uma Breve Introdução aos Haplogrupos Y-DNA


"(...) O Norte da Península Ibérica revela uma elevada frequência do haplogrupo DF27 (...)": Caracterização do haplogrupo R-DF27 do cromossoma Y ibérico no Norte de Espanha, Forensic Science International: Genetics Volume 27, Março de 2017

"(...) L21, está entre os subclados R1b mais representados nas Ilhas.(...)": DNA Genealogy, Anatole A. Klyosov, Scientific Research Publishing, Inc. EUA, 2018

"R1a e R1b são os haplogrupos mais comuns em muitas populações europeias hoje, e os nossos resultados sugerem que se espalharam para a Europa a partir do Leste depois de 3.000 a.C.(...)": A migração massiva da estepe foi uma fonte para o Indo-Europeu línguas na Europa, Wolfgang Haak et al., Nature, 2015

"(...) nas últimas décadas, o nexo Atlântico da Idade do Bronze tem sido cada vez mais invocado não só como uma rede de relações inter-regionais que contribuiu para a difusão das línguas celtas ao longo da costa atlântica da Europa, mas como fornecedor do contexto geográfico e histórico para a formação original do proto-céltico. Esta ideia foi ainda alimentada pela identificação de nomes pessoais celtas por John Koch em inscrições encontradas em estelas do sudoeste da Península Ibérica do início da Idade do Ferro. línguas originadas na fachada atlântica e subsequentemente espalhadas para leste na Europa continental desencadeou mais recentemente o que se poderia ser tentado a chamar de uma nova Celtomania Atlântica.(...)": Quase perdido nas entrelinhas: O conceito da Idade do Bronze Atlântica, Dirk Brandherm, Escola de Ambiente Natural e Construído, Publicações Curach Bhán, 2019

“(…) A controversa, mas influente, interpretação de J. Koch das inscrições tartéssicas como contendo elementos da língua celta e a hipótese derivada de “Celtas do Ocidente” (cf. B. Cunliffe e J.T. Koch, eds., Celta do Ocidente: Perspectivas Alternativas de Arqueologia, Genética, Linguagem e Literatura [Oxford 2012]) é rejeitada (…)”: Book Review Tartessos and the Phoenicians in Iberia Por Sebastián Celestino e Carolina López-Ruiz, Oxford University Press, Oxford 2016, Revisado por Manuel Fernández -Götz, Universidade de Edimburgo, American Journal of Archaeology, julho de 2019

"(...) Koch (2019) parece ser o único linguista celta que ainda defende que 'tartessiano' é celta, com base no que alguns chamam de 'raciocínio circular' (Valério 2014, 446 & 458). É, portanto, estranho que em 2018 Cunliffe tenha seguido Koch e ignorado as conclusões negativas expressas entre 2007 e 2017 por James Clackson, Javier de Hoz, Jürgen Zeidler, Oliver Simkin, Alberto Nocentini, Joaquín Gorrochategui, Eugenio Luján, Joseph Eska, Blanca Prósper, Peter Schrijver, Tatyana Mikhailova, Jesús Rodríguez Ramos, Joan Ferrer, Noemí Moncunill, Javier Velaza, Sebastián Celestino e Carolina López-Ruíz (ver Sims-Williams 2016, 14 n. 47; 2017a, 421 n. 3; e agora Correa & Guerra 2019, 122, 134–6; Eska 2017; 2018, 326–7; Hewitt 2018; Stifter 2019, 120).O estado da questão é resumido por de Hoz (2019a, 11):

A recente proposta de J. Koch de que as inscrições do sudoeste fossem decifradas como célticas teve um impacto considerável, sobretudo nos círculos arqueológicos. No entanto, a opinião quase unânime dos estudiosos da área dos estudos paleohispânicos é que, apesar da indiscutível posição académica do autor, trata-se de uma falsa decifração baseada em textos não suficientemente refinados, da sua aceitação de uma vasta gama de injustificadas variações e semelhanças puramente fortuitas que não podem ser reduzidas a um sistema; essas deficiências dão origem a traduções sem paralelos no uso epigráfico registrado.

A observação final refere-se a “traduções” como “o trono mais alto entregou [o falecido] ao maior túmulo”. Raha, o Ministro de Bronze, agora se deita” (Koch 2016, 465) e “quando/até para/para os brilhantes eu não bebo coisas sub-verdadeiras” (Kaufman 2015, citado por Eska 2017, 204).

As inscrições em questão centram-se no Algarve, território dos Cynetes. Como os Cynetes são especificamente distinguidos dos Celtas por Heródoto (ver acima), ninguém esperaria que eles tivessem a priori uma língua Celta. Mesmo que houvesse um ou dois nomes pessoais celtas nas inscrições, o que permanece muito duvidoso (cf. Correa & Guerra 2019, 131–3; Gorrochategui & Vallejo 2019, 358; Koch 2016, 458–9; Sims-Williams 2016, 14 ; Villar 2007, 436-40), a explicação mais simples seria que as pessoas em questão poderiam ser provenientes do interior da Celtibéria, no nordeste. (…)”: Uma alternativa ao ‘Céltico do Oriente’ e ao ‘Céltico do Ocidente’, Patrick Sims-Williams, Aberystwyth University, Cambridge A Archeological Journal, 2020:


"Este artigo descreve as histórias individuais das antigas tradições epigráficas celtas atestadas, ítalo-céltica, celtiberiana, gaulesa e ogam-irlandesa.(...) O corpus do Sudoeste ou 'Tartessiano', quase 100 inscrições do extremo Sul- Canto oeste da Península Ibérica, não pertence ao Céltico, embora tenha havido tentativas de mostrar que são evidências de uma língua celta antiga (Koch 2009, 2011).Sua afiliação linguística é desconhecida e apenas interpretações altamente especulativas foram propostas, então longe.(...)": The Early Celtic Epigraphic Evidence and Early Literacy in Germanic Languages, David Stifter, Universidade Nacional da Irlanda, Maynooth, North-Western European Language Evolution, 2020

"Acho particularmente atraente o artigo recente de Sims-Williams (2020) já mencionado, no qual ele argumenta que 'o Céltico irradiando da França durante o primeiro milénio a.C .seria uma forma mais
explicação económica dos factos conhecidos” (2020: 1).
Ele não acha plausível que a variedade linguística que chamamos de “céltica” já estivesse em uso por volta de 3.000 a.C. em uma enorme região atlântica (Grã-Bretanha, Irlanda, noroeste da França, Espanha e Portugal), para se espalhar para o leste (... )": O Sudoeste da Hispânia Antiga em seu Contexto Linguístico e Epigráfico, Juan Luis García Alonso, Universidad de Salamanca, 2023, Journal of Celtic Linguistics

“Todos concordam que o Céltico se ramificou da antiga língua materna indo-europeia à medida que se espalhou para o Ocidente”, disse Patrick Sims-Williams, professor emérito de estudos Célticos na Universidade de Aberystwyth.(...)": 3.000 anos atrás, a Grã-Bretanha ficou pela metade Seus genes vêm de… França?
Um extenso estudo de DNA antigo sugere que uma onda de recém-chegados - e talvez as primeiras línguas celtas - cruzou o Canal da Mancha há três milénios, The New York Times, 22 de dezembro de 2021

"(...) há cerca de 6.000 a 4.500 anos, as populações das estepes migraram tanto para o oeste quanto para o leste. Um exemplo fascinante é o misterioso povo Yamnaya. Eles trouxeram suas línguas para a Europa, dando origem aos ramos itálico, germânico e celta. da árvore genealógica indo-europeia.(...)": dialetos indo-europeus dispersos pela Eurásia em ondas sucessivas ao longo de 8.000 anos
As origens das palavras e o DNA antigo revelam o caminho evolutivo percorrido pelas línguas faladas por metade do mundo, El País, 28.07.23