sexta-feira, 24 de março de 2006

As ironias, paradoxos dos tempos homo-economicus- A Água, a Coca -Cola e os direitos socioambientais


1. Relatório Alterantivo da Coca Cola

2. Texto de Daniel Cassol, 22 de Março
Enviado especial ao México

Comunidades rurais da Índia, que convivem com engarrafadoras da Coca-Cola, já sofrem com a falta de água na região. Uma fábrica é capaz de captar até um milhão de litros de água por dia. Na Colômbia, desde1990, oito trabalhadores de fábricas da multinacional, que atuavam noSindicato dos Trabalhadores da Alimentação, já foram assassinados porgrupos paramilitares com a conivência da empresa. Na Turquia, 14 motoristas da empresa, atuantes nos sindicatos, já a denunciaram por intimidação e tortura. Coca-Cola é isso aí. Os casos estão relatados no documento Coca-Cola – o informe alternativo ,divulgado na Cidade do México pela organizaçãoo não-governamental Waron Want. É por isso que, na visão dos ativistas da entidade, boicotar os produtos da transnacional não significa apenas defender a água. Quemdecide não consumir mais produtos da Coca-Cola é porque chegou a um alto grau de consciência política-afirma Gustavo Castro, do México.No país em que o atual presidente da República já foi presidente nacional da multinacional, a empresa está se apoderando dos recursos hídricos. De acordo com o relatório, a Coca-Cola está recebendo incentivos e isenções para privatizar os aquíferos do Estado de Chiapas, rico em água.
No México, a Coca-Cola entrou na vida familiar, é parte da paisagem e da vida das pessoas- relata Castro.


Contaminação e violência


O indiano Amit Srivastava, da organização India Resources, relata que no seu país a Coca-Cola arrasa comunidades onde possui fábricas engarrafadoras.

A quantidade de água utilizada pela empresa é tanta que em algumas regiões o nível dos rios já baixou até 10 metros emcinco anos. Quase toda a água que a Coca-Cola usa é para limpar máquinas e garrafas. Eles colocam produtos químicos na água e a contaminam, prejudicando solos, plantas e aquíferos, afirma.De acordo com Srivastava 70% da população indiana vive da agricultura e as consequências da presença da Coca-Cola no país são trágicas paraesse setor. Beber Coca-Cola é como beber o sangue dos agricultores da Índia- completa.O dirigente sindical Javier Correa, do Sindicato Nacional dosTrabalhadores da Industria de Alimentação da Colômbia, denuncia uma outra faceta da transnacional: a repressão aos sindicatos e aviolência contra os trabalhadores. Desde 1990, são nove sindicalistas funcionários daempresa mortos por grupos paramilitares, 14 presos e 48 vítimas deameaças de morte, como é o caso de Correa. São boas as relações entre a Coca-Cola e os paramilitares, denuncia.

Boicote internacional

Todos os casos de violação de direitos humanos, de exploração pedratória dos recursos hídricos e contaminação da água, levaram aCoca-Cola a patrocinar o IV Fórum Mundial da Água, na opinião de Amit Srivastava. O evento, que termina no dia 22 na Cidade do México, seriaum grande exercício de relações públicas da empresa: é inacreditável que a Coca-Cola esteja patrocinando um fórum internacional sobre água, porque sua relação com ela é extremamente insustentável- declara.No contexto do Fórum Internacional em Defesa da Água, evento paralelo ao oficial, a organização War on Want divulgou sua proposta de uma campanha internacional de boicote aos produtos da empresa.


A CocaCola não entende de ética. Não há como negociar com essa empresa,porque a única coisa que ela entende é de dinheiro. Por isso precisamos boicotar seus produtos-afirma Srivastava. De acordo com a organização, universidades estadunidenses, como a de Michigang e de Nova York, já cancelaram seus contratos com a empresa.


3.Conheçam as actividades da Coke Justice e da War on Want

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